Boitempo II: Esquecer para lembrar

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Sinopse

Segundo volume da reunião de poemas memorialísticos de Drummond, Boitempo II: Esquecer para lembrar retorna em novo projeto, com posfácio de Heloisa Murgel Starling.

 

Em Boitempo II, Drummond se afasta da infância rural e ingressa em um mundo novo, o da tecnização forçada, onde só importa o que cada um produz ou comercializa: chapéu, gaiola, punhal, geleia, pão de queijo, caixão. O menino de Itabira, porém, nada fabrica: apenas assiste às fabricações.

É desse ponto de vista, de observador desconfi­ado, que vemos o progresso en­fim chegar ao Brasil do interior, impondo suas multas e restrições: é proibido galopar pelas ruas de pedra, estender roupa branca entre os túmulos do cemitério, rezar alto de madrugada. Mas, então, pergunta-se o futuro poeta: “Que fazer, para não morrer de paz?”

Carlos é mandado à escola, deixa a casa paterna, aventura-se no trem de ferro, estuda latim e gramática, destaca-se nos panfletos estudantis, ganha o apelido de Anarquista. Os padres o expulsam do colégio, acusando-o de “insubordinação mental”. Rejeitado, o adolescente perde a fé. Decide deixar de ser “santo” para tornar-se “barro e palavrão, / humana falha, signo terrestre”.

Cavalgando o tempo — “uma cadeira ao sol, e nada mais” —, o poeta cresce. De repente se vê moço e solto em Belo Horizonte. Bancado pela família, frequenta a vida literária, entre os modernistas do Café Estrela e da Livraria Alves. Forma-se em Farmácia, mas “apenas na moldura”.

Vadia, namora e dorme. Ouve o chamado da escrita e do serviço público, torna-se redator de jornal, escreve para o Partido Republicano Mineiro, mas algo o incomoda. É a “consciência suja”, o remorso de ser um “inconvicto escriba ofi­cial”. Ele ainda cultiva em si o menino Carlos, o do segundo ginasial, que sonhava “emitir clarões / de astro-rei literário”. Não demoraria a acontecer. Era só uma questão de tempo.

As novas edições da obra de Carlos Drummond de Andrade têm seus textos fixados por especialistas, com acesso inédito ao acervo de exemplares anotados e manuscritos que ele deixou. Em Boitempo II, o leitor encontrará o posfácio da historiadora Heloisa Murgel Starling; bibliografias selecionadas de e sobre Drummond; e a seção intitulada “Na época do lançamento”, uma cronologia dos três anos imediatamente anteriores e posteriores à primeira publicação do livro.

Bibliografias completas, uma cronologia de vida e obra do poeta e as variantes no processo de fixação dos textos encontram-se disponíveis por meio do código QR localizado na quarta capa deste volume.

Sobre o autor

Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nasceu em Itabira, Minas Gerais. Em 1921, vivendo em Belo Horizonte com a família, teve seus primeiros trabalhos publicados no Diário de Minas. Em 1924, conheceu Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral e nessa mesma época deu início a uma longa correspondência com Mário de Andrade, de quem recebeu orientação literária. Em 1927, fixou-se em Belo Horizonte trabalhando como redator e depois redator-chefe do jornal Diário de Minas. Em 1928, publicou na Revista de Antropofagia, de São Paulo, o poema No meio do caminho, que suscitou polêmica no meio literário. Dois anos depois publicou o primeiro livro, Alguma poesia, sob o selo imaginário de Edições Pindorama. Brejo das almas foi publicado em 1934, mesmo ano em que Drummond se transferiu para o Rio como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, então ministro da Educação e Saúde. Em 1940, publicou Sentimento do mundo. Só a partir de 1942 teve seus livros custeados pela José Olympio, editora em que permaneceu até 1984, depois passou a ser editado pela Record. A década de 1950 foi marcada pela publicação de obras importantes, como Claro Enigma, Viola de bolso, Fazendeiro do ar e Fala, amendoeira. Ao completar 80 anos, o escritor recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e foi homenageado com exposições comemorativas na Biblioteca Nacional e na Fundação Casa de Rui Barbosa. Em 1984, decidiu encerrar a carreira de cronista regular, após 64 anos dedicados ao jornalismo. O poeta faleceu em 1987 deixando cinco obras inéditas: O avesso das coisas, Moça deitada na grama, Poesia errante, O amor natural e Farewell, além de crônicas e correspondências. Há livros de Drummond traduzidos para os idiomas alemão, búlgaro, chinês, dinamarquês, espanhol, francês, holandês, inglês, italiano, latim, norueguês, sueco e tcheco.

Características

  • ISBN: 978-65-5587-659-8
  • Formato: Brochura
  • Suporte: Texto
  • Altura: 20.5cm
  • Largura: 13.5cm
  • Profundidade: 2.1cm
  • Lançamento: 04-10-2023
  • Páginas: 372